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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Diogenes:barril e a esmola


"Zombavam de Diogenes. Além de morar num barril, volta e meia era visto pedindo esmolas às estátuas. Cegas por serem estátuas, eram duplamente cegas porque não tinham olhos- uma das características da estátuas grega. [...]
Perguntaram a Diogenes por que pedia esmola às estátuas inanimadas, de olhos vazios.  Ele respondia que estava se habituando à recusa.  Pedindo a quem não o via nem o sentia, ele nem ficava aborrecido pelo fato de não ser atendido.
É mais ou menos uma imagem que pode ser usada para definir as relações entre a sociedade e o poder.  Tal como as estátuas gregas, o poder tem os olhos vazados, só olha para dentro de si mesmo, de seus interesses de continuidade e de mais poder.
A sociedade, em linhas gerais, não chega a morar num barril.  Uma pequena minoria mora em coisa mais substancial.  A maioria mora em espaços um pouco maiores que um barril. E há gente que nem consegue um barril para morar, fica mesmo embaixo da ponte ou por cima das calçadas.Morando em coisa melhor, igual ou pior do que um barril, a sociedade tem necessidade de pedir não exatamente esmolas ao poder, mas medidas de segurança, emprego, saúde e educação.  Dispõe de vários canais para isso, mas, na etapa final, todos se resumem numa estátua fria, de olhos que nem estão fechados: estão vazios. [...]"

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