...a aí?
...tá
gostando de fazer? Você imaginava que ia ser assim, ou esperava de outro jeito?
Sei lá, tem tanto jeito, não é mesmo? Tem gente que faz de trás pra frente, tem
gente que prefere de baixo pra cima... Agora, seja lá quem for, eu acho que todo
mundo imagina antes como vai ser. Você concorda comigo?
Mas
e nós, vamos dar uma paradinha ou você que ir logo adiante? Posso dar uma
sugestão? Vamos dar uma rapidinha, agora. Depois a gente recomeça, tudo de
novo. É tão gostoso. E nunca é a mesma coisa, nunca é do zero que a gente
recomeça, você não acha? Pelo menos comigo é assim, eu acho esse jeito
prazeroso e várias vezes eu vou por esse caminho.
Mas
a gente também pode ir de uma vez sem
parar num fôlego só sem virgula. Também é legal. Às verdade é que não tem
regra, nem lei, não é? Bom, no começo até tem, mas depois a gente pode largar
isso de mão e ir no improviso, que nem músico de jazz. Ensinam a gente – quando
ensinam – que tem que ser assim ou assado. Ou, quando não querem parecer muito
diretivos, que é melhor ser assim ou assado. Mas é tudo conversa fiada. Eu faço
de várias formas e quanto mais formas eu descubro melhor fica. Às vezes tem uma
maneira lá que é ótima e eu me deixo um bom tempo só com ela, numa espécie de apaixonamento.
Depois eu mudo de novo e um dia qualquer me lembro daquele jeito e faça ele
outra vez, pra matar as saudades. E depois... e depois...
Enfim,
eu? Pra mim tanto faz desde que faça tanto. Faço deitado, faço em pé, sentado,
na cama, no sofá, na mesa da sala, rapidinho no elevador, no carro estacionado
numa rua erma, num ônibus interestadual cortando a noite numa estrada qualquer,
no banheiro de uma festa na casa de amigos, até numa cabine 24 horas eu já fiz.
O negócio é se concentrar e aí dá pra fazer na arquibancada do maracanã em dia
de Fla-Flu ou na Catedral Metropolitana durante a missa do galo. Você concorda
comigo? Aas vezes eu faço em alta voz, às vezes calado, às vezes faço sozinho. Você
já fez com muita gente? Experimenta,
deixa a vergonha pra lá, é legal. No começo a gente fica sem jeito, vai subindo
aquele calor pelo rosto com as pessoas te vendo e te escutando, mas depois é
relaxar e curtir. E repetir sempre que possível.
Pensar
que tanta gente no mundo não pode fazer, que absurdo! As mulheres, como sempre,
foram as mais prejudicadas por essas proibições. Na Idade Média, então, eram
capazes de ir pra fogueira se os padres as encontrassem fazendo. Ou mesmo se
descobrissem simplesmente que elas sabiam fazer. Queriam só para eles...
Você
lembra da primeira vez, de como começou? É uma emoção que a gente leva pra
sempre, mesmo recordando de todas as dificuldades, não acha? E pensar que nunca
mais a gente vai deixar de fazer. Mesmo agora...
Tem
poucos prazeres no mundo que se igualam a esse. Bom, mas já que é tão gostoso, chega e falatório, não é mesmo?
Vamos continuar fazendo, vamos?
(Na
verdade eu fiz antes de você, afinal eu sou o autor deste texto. Mas e você,
que está chegando aqui pela primeira vez, me diga: ler é ou não é um tesão?)
Pratique mais o habito da leitura, com certeza você vai ser mais feliz...
Cesar Cardoso é escritor.
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